Após elevação da Selic, bancos sobem taxas e cliente paga juro recorde

Mal a taxa básica de juros (Selic) voltou a subir e os bancos já aproveitaram para cobrar mais caro dos clientes. Em outubro, as taxas médias praticadas nas principais linhas de crédito dispararam. Em média, o brasileiro remunerou as instituições financeiras em 44% ao ano para tomar empréstimos, o maior valor da série histórica pesquisada pelo Banco Central, iniciada em março de 2011, informou na quarta-feira (26) a autoridade monetária.

Apenas o juro do cheque especial atingiu 187,80% ao ano, o maior patamar desde abril de 1999. Não só: foi o 18º mês consecutivo de elevação dessa taxa, que avança a doses cavalares. Apenas entre setembro e outubro a alta foi de 4,5 pontos percentuais. E, no ano, já acumula elevação 43,3 pontos.

Outra linha cujos juros vêm pesando sobre a renda das famílias é a do rotativo do cartão de crédito. Dados também divulgados ontem pela Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) revelaram que a taxa média nessa modalidade alcançou 241,6% ao ano em outubro. em 2014, essa taxa já subiu 49,2 pontos percentuais.

Descompasso

No mesmo período, a elevação da Selic, que serve de parâmetro para todos os empréstimos bancários no país, foi 40 vezes menor, de 10% para 11,25% ao ano. Na prática, a recente elevação dos juros básicos ainda nem sequer deveria ter surtido efeito nos empréstimos concedidos às famílias, já que foi tomada no final de outubro.

No entanto, devido à escalada do dólar e aos temidos efeitos da elevação da cotação da moeda norte-americana sobre a inflação, o BC decidiu antecipar o ajuste para outubro. Pesou o fato de que, até o mês passado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cravou alta de 6,59% ao ano, no acumulado em 12 meses.

Significa dizer que, se o aperto do crédito já começou a bater com mais força na renda das famílias, a fatura a pagar apenas de juros tende a ser ainda maior à medida que a alta da Selic impactar, de verdade, os custos dos bancos em tomar dinheiro emprestado. Em média, a taxa de captação dos bancos subiu apenas 0,3 ponto percentual em outubro, de 11,6% ao ano para 11,9% ao ano.

No mesmo mês, a elevação nos juros às famílias foi quatro vezes maior, de 1,2 ponto. Significa dizer que, na prática, as instituições pagaram quase o mesmo para tomar dinheiro no mercado, mas cobraram bem mais caro para emprestar os mesmos recursos aos clientes.

O spread bancário, que é a diferença entre essas duas taxas, elevou-se 0,9 ponto percentual em outubro, apenas quando levados em conta os empréstimos com recursos livres às pessoas físicas.

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