Mais de 300 mil pessoas alertam para mudanças climáticas em Nova Iorque

Trabalhadores de todo o mundo exigem compromisso dos governos

A cidade de Nova York amanheceu cinzenta neste domingo (21). Naturalmente, nos poucos espaços em que ainda é possível que se veja o céu, trivializado acima dos sofisticados 3.000 edifícios da metrópole. As ruas deram à cidade não apenas cor, mas calor, atitude, vozes, protestos e clamor por direitos.

Mais de 300 mil pessoas, segundo os organizadores, ocuparam para além dos quarteirões reservados pela polícia, nesta que dizem ter sido a maior manifestação climática já realizada no mundo.

A Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas marcada para ocorrer nesta terça-feira (23), um dia antes da Assembleia Geral, impeliu a mobilização que exigiu atitude dos governos nas decisões e enfrentamentos a serem tomados contra as mudanças do clima. Estima-se que duas mil manifestações tenham sido realizadas em 166 países.

Trabalhadoras e trabalhadores

A CUT, a CSA, a CSI, trabalhadoras/as de organizações internacionais, centrais sindicais e sindicatos manifestaram suas preocupações diante dos impactos das mudanças climáticas nos empregos, que vão desde a saúde das trabalhadoras/es, impactos ambientais, redução dos postos de trabalho, além da necessidade de que se garanta uma Transição Justa, para que lhes sejam asseguradas condições concretas de direitos na transição para uma sociedade mais sustentável, com a participação e decisão das/os trabalhadoras/es.

Os cartazes apontam para as questões climáticas e os empregos onde há duas crises que necessitam de uma solução. E espaço para os empregos verdes como uma ampliação de possibilidades para um planeta saudável.

Houve também manifestações de trabalhadoras camponesas que protestaram contra as falsas soluções e criticaram as “Smarts”, a exemplo da Smart Agriculture, alternativa questionável em debate e que se pretende aprovar na reunião da ONU neste dia 23.

O mundo do trabalho esteve representado também por lutas contra as barragens e pelos impactos das mudanças do clima sobre a saúde. Outras manifestações das/os trabalhadoras/es por democracia energética, contra o controle das corporações e por mudanças no sistema, pela taxa Robin Wood, empregos mais sustentáveis, e novos rumos para o planeta e o futuro deram o tom da Marcha.

Estudantes, pesquisadores, sindicalistas e a atuante mobilização contra a discriminação racial foram outros pontos fortes da marcha além de um comovente minuto de silêncio que fora dedicado às vítimas do aquecimento global e das mudanças climáticas em todo o mundo. Rompeu o surpreendente e sincronizado silêncio uma avalanche de aplausos e rufar de instrumentos e tambores.

Indígenas vieram de muitas regiões e reivindicaram por direitos conforme seus costumes, identidade e origens, mas todas e todos saudaram a mãe terra.

Políticos, celebridades, pessoas comuns. A discussão climática afeta a todos, mas não igualmente e as alternativas de mitigação e adaptação devem ser exigidas pelos povos, especialmente os mais afetados e que residem em áreas potencialmente de riscos.

A delegação peruana que receberá o mundo também esteve presente na Marcha e trouxe as expectativas das nações que estarão reunidas na COP 20, em Lima.

Curiosidades

Manifestações político-partidárias também apareceram na Marcha, tanto por parte de trabalhadores organizados como de pedestres brasileiros que moram em Nova York ou não brasileiros que acompanham o processo eleitoral no Brasil, e que com preocupação manifestam sua solidariedade à Campanha da Presidenta Dilma Rousseff.

All Gore, Gisele Bündchen, Emma Thompson, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, Leonardo de Caprio e Mark Ruffalo foram algumas das personalidades que passaram pela Marcha.

A marcha terminou sem um encerramento formal, um ato político ou uma manifestação coletiva. Os participantes iam se espraiando conforme se aproximavam da dispersão, como quem antecipa que o recado já foi mandado durante a marcha e que é chegada a hora dos governantes e líderes das negociações climáticas também partirem para a ação com resultados concretos, em detrimento dos vazios discursos.

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