FOLHA DE SÃO PAULO
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, disse ontem, em São Paulo, que já estão identificadas as fontes de recursos para o orçamento de R$ 110 bilhões que a instituição pretende executar em 2009.
A nova meta financeira do banco foi antecipada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, à Folha no último domingo. Segundo Mantega, cerca de R$ 50 bilhões já estavam garantidos, e o governo busca definir as fontes dos demais R$ 60 bilhões. “Nós já temos identificado, com o Ministério da Fazenda, todo o conjunto de fonte necessária para o ano que vem”, afirmou Coutinho.
Segundo o presidente do BNDES, o banco contará com recursos de organismos multilaterais (como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento), empréstimo externos, recursos do Tesouro Nacional, o ingresso de recursos de empréstimos que serão pagos e o fundo de investimento em infra-estrutura do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), que vai repassar R$ 7 bilhões para o desembolso do banco.
“Como em 2008, quando foi possível equacionar um volume muito grande de recursos de cerca de R$ 50 bilhões, não há razão para que não façamos o mesmo em 2009”, afirmou o presidente do BNDES, que participou de uma conferência da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio).
Outra medida, segundo Coutinho, será a tentativa do banco de acelerar a formação de novos fundos de investimento em infra-estrutura no próximo ano. A despeito da crise econômica, ele disse que a instituição vai tentar atrair capitais estrangeiros para financiar projetos de infra-estrutura.
De acordo com Coutinho, o papel desses investimentos não será apenas o de dar melhores condições de infra-estrutura ao país, mas sobretudo servir de sustentação para a manutenção do crescimento econômico em 2009.
Conforme projeções feitas pelo presidente do BNDES, os aportes financeiros nas obras de infra-estrutura, se bem coordenados e impulsionados, podem garantir ao país um crescimento econômico de 3,5% a 4% em 2009.
Para Coutinho, a expansão econômica nesse nível será possível só com investimentos no setor.
“Um esforço muito firme na sustentação dos investimentos em infra-estrutura garantirá um piso para o crescimento da economia de pelo menos 3,5% em 2009. Se trabalharmos bem, chegaremos a 4%. O impulso é dos investimentos muito forte”, explicou.
Coutinho avalia que muitos projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) devem entrar na fase de execução, o que demandará desembolso e a movimentação de vários setores da economia.
Bancos privados
Questionado se esse avanço não dependeria também dos bancos privados, Coutinho afirmou que o BNDES tem tentado “substituir” as falhas de mercado no sistema de crédito nos últimos meses. Afirmou que o banco lançou uma linha especial de R$ 2,5 bilhões para os empréstimos-ponte para assegurar capital para os projetos de infra-estrutura.
