Em apenas um ano e meio (janeiro de 2009 a junho de 2010) os bancos desligaram 48.295 empregados no Brasil, o que representa 10,25% da categoria. Os dados foram apurados com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego. O estoque de emprego nos bancos foi de 471.232 no final do primeiro semestre deste ano.
“Os bancos desligaram um Pacaembu lotado de pais e mães de famílias em apenas 18 meses, o que mostra a perversidade da rotatividade e do descaso com o emprego”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários. “No mesmo período as instituições financeiras geraram somente 9.048 novos postos de trabalho”, completa.
“Muitos trabalhadores foram dispensados porque não cumpriram as metas abusivas para a venda de produtos, enquanto outros pediram demissão porque não suportaram o assédio moral e as precárias condições de trabalho, que tem trazido estresse e adoecimento”, salienta o dirigente sindical.
O emprego bancário é o tema da terceira rodada de negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) pela Campanha Nacional dos Bancários 2010. O encontro acontece nesta quarta e quinta-feira, 8 e 9 de setembro, em São Paulo.
Entre as principais reivindicações dos bancários está a proteção contra demissões imotivadas, mais contratações, melhores condições de trabalho, igualdade na remuneração, reversão das terceirizações e fim dos correspondentes bancários mediante substituição por agências e postos de atendimento. Os sindicatos acompanham a negociação promovendo nesta quarta um dia nacional de luta pelo emprego, pressionando os bancos a atenderem as reivindicações da categoria.
Nas rodadas anteriores foram discutidas as demandas de saúde, segurança e condições de trabalho, com poucos avanços. As questões de remuneração, que incluem o reajuste salarial de 11%, serão negociadas na próxima semana. A database dos bancários é 1º de setembro.
“A geração de empregos vem sendo travada pela rotatividade que os bancos praticam para reduzir os custos e turbinar os lucros”, afirma o presidente da Contraf-CUT.
“Esse aumento da rotatividade reduziu a massa salarial da categoria, aumentando ainda mais os lucros dos bancos. A remuneração média dos admitidos nos primeiros seis meses de 2010 foi 38,04% inferior à dos desligados e as mulheres continuam recebendo salários inferiores aos dos homens nos bancos”, denuncia Carlos Cordeiro.
Para o dirigente sindical, é necessário acabar com essa rotatividade e ampliar a geração de empregos. “Os bancários querem proteção contra demissões imotivadas, conforme estabelece a Convenção 158 da OIT, mais contratações, melhores condições de trabalho, igualdade na remuneração, reversão das áreas terceirizadas e fim dos correspondentes bancários mediante substituição por agências e postos de atendimento”.