O Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) iniciou estudos para uma nova capitalização a fim de suportar a forte expansão das carteiras de crédito, que nos últimos 12 meses até setembro deram um salto de 29,6%, para R$ 16,2 bilhões. O estudo será apresentado para o novo comando do banco estatal, que assumirá no início do ano que vem, após a posse do governador eleito do Estado, Tarso Genro (PT).
Segundo o presidente da instituição, Mateus Bandeira, pelo ritmo de crescimento do crédito a capitalização terá que ser feita até o fim de 2011. Na opinião dele, a emissão de bônus no mercado internacional aparece hoje como a melhor opção porque garantiria recursos de longo prazo a taxas inferiores aos atuais custos médios de captação do banco, de 74,6% da Selic no terceiro trimestre. Mesmo assim, ele promete deixar um “cardápio completo” de opções para seu sucessor.
O Banrisul apresenta um Índice de Basileia (que mede a relação entre o patrimônio de referência e os ativos ponderados pelo risco e determina o limite de capacidade de liberação de empréstimos pela instituição) de 15,4%, ante o mínimo de 11% exigido pelo Banco Central. Com isso, ele teria condições de emprestar mais R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões, disse Bandeira.
O problema é que o índice vem caindo a cada trimestre por conta da expansão do crédito. Há um ano ele era de 18% e no fim de 2007, quando o banco captou R$ 800 milhões por meio de uma oferta pública de ações, chegava a 26%. Na época, a carteira de empréstimos somava R$ 8 bilhões, o equivalente à metade do estoque atual.
Conforme o presidente, mesmo inferior à de 2007, a nova capitalização daria mais “tranquilidade” operacional ao Banrisul, que também busca aumentar o volume de crédito para empresas de grande porte. Hoje cerca de 70% da carteira no segmento pessoa jurídica está alocada em pequenas e médias empresas e, com isso, o banco detém 16% do mercado de crédito empresarial do Estado, enquanto concentra 23% dos depósitos e 27% da rede de agências bancárias no Rio Grande do Sul.
Estimulado pela economia aquecida, o crescimento anualizado da carteira de crédito já superou a projeção inicial de 28% para 2010 e gerou uma receita de R$ 933,1 milhões para o banco gaúcho no terceiro trimestre, 31,3% acima da registrada no mesmo período de 2009. Ao mesmo tempo, o rendimento com aplicações em títulos do governo federal somou R$ 302,4 milhões, com alta de 12,2%.
Combinada com um aumento de apenas 4,3% nas despesas administrativas (incluindo pessoal), para R$ 428,1 milhões, a expansão das receitas proporcionou uma elevação de 41,3% no lucro líquido, que avançou de R$ 146 milhões para R$ 206,4 milhões. O resultado representa uma rentabilidade anualizada de 24,5% sobre o patrimônio líquido médio.
“Estamos trabalhando para dar mais eficiência operacional ao banco com controle de despesas administrativas, revisão de processos e renegociação de contratos com fornecedores”, explica Bandeira. De acordo com ele, desde setembro do ano passado o índice que mede o montante das receitas consumido na cobertura de gastos administrativos recuou de 53,5% para 48,5%, em linha com os grandes bancos de varejo do país.
Segundo o presidente, a taxa de inadimplência (considerando as operações de crédito vencidas há mais de 60 dias) recuou para 3% no terceiro trimestre, ante 3,8% em setembro de 2009 e 3,2% em junho deste ano.
Como consequência, o estoque de provisões da instituição caiu para 6,9% da carteira total, contra 7,2% há três meses e 8,3% no terceiro trimestre do ano passado. No fim de setembro, o Banrisul tinha ainda ativos totais de R$ 32,3 bilhões, 13,2% a mais do que há 12 meses.