Em vez de negociar a sério e apresentar proposta que corresponda aos seus resultados extraordinários, fruto do trabalho dos bancários, a Fenaban mantém a intransigência na mesa de negociação e instiga a justiça do trabalho a intervir na campanha salarial, contradizendo o seu discurso e buscando um atalho jurídico para coibir o direito constitucional de greve.
A Fenaban enviou ofício ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo no dia 17 pedindo a inclusão da Contraf/CUT e da Fetec/SP no dissídio de greve que o Ministério Público do Trabalho havia apresentado no início do mês contra o Sindicato de São Paulo e contra a Feeb São Paulo e Mato Grosso do Sul. No ofício, os bancos pedem a aplicação de multa diária de R$ 200 mil e o bloqueio da conta do Sindicato (veja fac símile da petição ).
“Essa atitude é uma afronta ao direito constitucional de greve e contradiz o discurso dos bancos na mídia de que apostam nas negociações”, critica Vagner Freitas, presidente da Contraf/CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários. “Somos contrários, por princípio, a qualquer interferência da justiça do trabalho nos conflitos entre capital e trabalho, até porque historicamente ela tem sido prejudicial aos trabalhadores. Nossa posição sempre foi de buscar um acordo na mesa de negociação, sem interferências externas.”
A última vez que uma campanha nacional dos bancários chegou a dissídio foi em 1991, há quase duas décadas. “É inadmissível que os bancos, o setor da economia que mais lucros obtém, seja intransigente na mesa de negociação e apresente propostas inferiores a acordos já firmados por outras categorias de trabalhadores, e ainda tentem incitar a justiça do trabalho contra os bancários”, diz Vagner Freitas.
Para o presidente da Contraf/CUT, esse é mais um motivo para a categoria manter a greve nacional, que está sendo a maior dos últimos anos.