A 6ª Vara Criminal de Porto Alegre determinou, na tarde desta segunda-feira (6), que três dos quatro suspeitos presos na Operação Mercari, que investiga supostos desvios de dinheiro no Banrisul, fossem liberados. O superintendente do departamento de Marketing do banco Walney Fehlberg, o representante da agência de publicidade DCS Armando D’Elia Neto e o representante da SLM Gilson Stork já foram soltos.
Conforme a juíza que aceitou os pedidos de liberdade provisória, as prisões não são mais necessárias já que materiais foram apreendidos com os três. “Embora existam fortes indícios de destruição de provas e de irregularidade em conversas telefônicas, eles não oferecem mais riscos às investigações”, disse a magistrada que não quis ter seu nome revelado.
Os três envolvidos foram interrogados nesta segunda-feira. De manhã, Armando D’Elia Neto e Gilson Stork foram ouvidos. No começo da tarde, foi a vez de Walney Fehlberg prestar depoimento. Por estar desgastado com o período de prisão, o superintendente exerceu o direito de permanecer em silêncio.
O suspeito de operar o esquema, Davi Antunes de Oliveira, segue preso na superintendência da Polícia Federal em Porto Alegre, no bairro Azenha.
Mais cedo, o presidente do Banrisul, Mateus Bandeira, anunciou com exclusividade no programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba, o nome do novo superintendente do banco. Ildo Musskopf, ex-gerente-geral da agência central de Porto Alegre, assume o cargo deixado por Fehlberg. Também foi anunciado o nome do gerente de execução de auditoria de rede, Renato Calveti.
Banrisul quer processar União por PF ter divulgado ação
O Banrisul estuda a possibilidade de uma ação indenizatória contra a União pelos prejuízos causados pela forma com que a Polícia Federal (PF) divulgou os dados da Operação Mercari. A informação é do advogado contratado para representar a instituição financeira, Fábio Medina Osório, o mesmo que defende a governadora Yeda Crusius (PSDB) das acusações no caso do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) gaúcho, em tramitação na Justiça Federal desde 2009.
Segundo o advogado, a ação indenizatória não questionaria o mérito da investigação, “mas o caráter espalhafatoso da divulgação da operação”, além do “processo eleitoral em curso”. Osório orientou a direção do banco a contratar uma consultoria externa para produzir um laudo que aponte potenciais prejuízos decorrentes da divulgação da Mercari. Explicou que a ação é contra a União, que poderá chamar as pessoas físicas responsáveis.
A Operação Mercari revelou, na última quinta-feira, o desvio de R$ 10 milhões do Banrisul por meio de superfaturamento de ações de marketing. A polícia investiga a possibilidade de parte do dinheiro ter sido utilizado no financiamento de campanhas eleitorais, segundo afirmou o delegado Ildo Gasparetto.
Além disso, a direção do Banrisul iniciou nesta segunda-feira uma auditoria interna na Superintendência de Marketing e nomeou um funcionário de carreira como superintendente interino, Ildo Musskopf, que administrará o setor acompanhado diretamente pelo presidente do banco, Mateus Bandeira.
Desde a sexta-feira todas as ações de marketing do banco estatal gaúcho estão suspensas. Todos os pagamentos do setor também foram suspensos, bem como a participação em feiras e eventos.
Na quinta-feira haverá uma reunião do Conselho de Administração do Banrisul para avaliar a situação. As ações do banco estavam sendo comercializadas a R$ 15,90 na Bovespa, baixa de 1,66% em relação à sexta-feira passada, quando foram negociadas a R$ 16,40.
Depoimentos
Os quatro suspeitos do desvio de R$ 10 milhões prestaram depoimento nesta segunda. No entanto, o advogado Auri Lopes Junior, que defende o diretor da DCS, Armando D’Eliza Neto, o orientou a falar somente em juízo.