Bancários em SP vão às ruas contra 3.300 demissões no Santander

As demissões de mais de 3.300 trabalhadores do Santander entre março de 2008 e março deste ano e o pagamento de mega bônus a executivos do grupo espanhol levaram centenas de bancários às ruas de São Paulo nesta quinta-feira, 30, véspera do Dia Internacional do Trabalhador e data da assembléia de acionistas que irá deliberar entre outros pontos sobre a extinção do Real, em fusão com o Santander, e o pagamento de dividendos.

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Os bancários seguiram em passeata desde a Praça do Patriarca, região central da cidade, até a Avenida Paulista, onde realizaram um ato em frente à matriz do Real. Artistas com pernas de pau representaram os executivos do banco que chegaram a receber R$ 1,4 mi em bônus, apesar da direção do grupo espanhol se negar em negociar a melhoria na Participação nos Lucros e Resultados (PLR) dos trabalhadores.

“Vimos pelo balanço deste primeiro trimestre, que o banco Santander contabilizou ágio de R$ 447 mi, referentes à compra do Real, o que implicou na redução de seu lucro, assim como foi feito no último balanço de 2008. Só os trabalhadores pagaram essa conta, com demissões e PLR menor. Já os acionistas e os executivos tiveram bonificações milionárias. Queremos igualdade de direitos. O maior banco do mundo não pode tratar os trabalhadores dessa forma”, disse Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

Assembléia de acionistas – Os atos desta quinta, 30, fazem parte do Dia Nacional de Luta que acontece na mesma data das assembléias de acionistas, em São Paulo, para deliberar sobre a incorporação do banco Real e sua extinção, distribuição de lucro líquido do exercício de 2008 e de dividendos e para fixar a remuneração global anual dos administradores da companhia.

Demissões – Apesar de todo processo de negociação com o Sindicato para construir alternativas às demissões, que durou sete meses, o Grupo Santander extinguiu mais de 3.300 postos em 12 meses, encerrados em março de 2009. De acordo com o balanço no primeiro trimestre de 2008, o banco que empregava 55.395 bancários, encerra o primeiro trimestre deste ano com 52.088 trabalhadores. Só nos primeiros três meses de 2009, foram fechados cerca de mil postos de trabalho.

Balanço, lucro e bônus – O balanço divulgado nesta quarta, 29, pelo Santander, demonstra que o banco mantém a mesma política de amortizar o ágio pela aquisição do Real e reduzir o lucro, o que impacta como prejuízo apenas aos trabalhadores que recebem PLR reduzida, mas não para acionistas e executivos que continuam ganhando dividendos e bônus milionários.

O lucro do banco no primeiro trimestre deste ano foi de R$ 419 mil, menor do que os R$ 447 mil amortizados no mesmo período. O Santander manteve a política do ano passado, quando retirou outros R$ 571 mil para o mesmo fim. Considerando que o ágio pode ser abatido em até 10 anos, serão necessários em média R$ 2,6 bilhões por ano para abater o surpreendente ágio de R$ 26 bilhões, divulgado pelo banco espanhol, com a compra do Real.

Em 31 de outubro de 2008, o presidente do banco, Emílio Botin, afirmou que o lucro para o ano no Brasil seria de R$ 4,8 bi. Porém, o resultado oficial foi de R$ 2,759 bi, uma brusca redução em torno de R$ 2 bi no último bimestre, apesar da junção dos bancos. Na prática, a soma de um banco mais um banco, ficou igual a um.

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