Chegamos ao 13º dia de greve nacional dos bancários sem que a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) apresente uma proposta diferente da que foi posta em mesa no dia 17 de setembro, onde os banqueiros ofereceram 4,5% de reajuste salarial, menor distribuição de PLR e nenhuma proposta para garantia de empregos e contratação de novos bancários.
Por isso, o movimento grevista continua forte em todo Brasil e já conquistou a adesão de mais de 7 mil agências em todo território nacional. No Pará, 201 agências estão paralisadas. E no Amapá são 9 agências em greve.
Na segunda-feira (5), em São Paulo, os bancários realizaram manifestações nos prédios administrativos onde estão instalados os escritórios dos presidentes dos principais bancos do país. A estratégia de pressão foi decidida depois de duas rodadas de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban, realizadas quinta-feira (1º) e sexta (2), e que terminaram sem propostas dos bancos.
As manifestações de ontem paralisaram durante toda a manhã os prédios onde trabalham Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco, Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, Fábio Barbosa, presidente do Santander, e Josef Safra, presidente do Banco Safra. Mais de 30 mil bancários trabalham nesses locais.
Já nesta terça-feira (6), em Belém, seguindo a orientação nacional de intensificar as mobilizações da greve nos bancos privados, os bancários paralisaram pela manhã todas as agências do Banco Real/Santander. Nestas, apenas o serviço de auto-atendimento funcionou.
Moção de repúdio
A assembléia organizativa da greve dos bancários do Pará e Amapá realizada ao final da tarde desta terça-feira aprovou uma moção de repúdio ao Banco do Brasil por ter enviado cartas aos seus funcionários, em todo país, dizendo que banco está aberto ao diálogo e que por esse motivo os trabalhadores deveriam se retirar da greve e voltar aos trabalhos.
O banco não apresenta no comunicado nenhuma proposta capaz de retirar seus empregados da greve, o que demonstra ser esse tipo de atitude um reconhecimento da força da greve dos funcionários do BB em todo Brasil.
Passeata em Belém
A assembléia desta terça-feira aprovou a realização de uma nova passeata dos bancários em Belém. A atividade será nesta quinta-feira, 8 de outubro, com concentração a partir das 8h, em frente à agência do Banco do Brasil, na Av. Pte. Vargas.
Fenaban
Os negociadores da Fenaban ainda não deram resposta ao Comando Nacional a respeito da reunião dos presidentes dos bancos, que seria realizada nesta segunda-feira (5). O anuncio desse encontro havia sido feito na última rodada de negociação, realizada na sexta-feira (2).
Os negociadores da Fenaban disseram que encaminhariam as simulações discutidas aos bancos e quem decidiria seriam os presidentes das instituições. Mas até agora, nenhuma novidade.
Apoio do Congresso
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) enviou na segunda-feira (5) carta a todos os deputados federais e senadores da República para denunciar a intransigência dos bancos nas negociações sobre a Campanha Nacional dos Bancários, pedir apoio à greve e solicitar que intercedam junto às instituições financeiras, “a fim de que retomem imediatamente as negociações e apresentem uma proposta decente aos trabalhadores para resolver o impasse”.
A Contraf-CUT afirma na carta aos parlamentares que o sistema financeiro, “o setor mais lucrativo da economia brasileira, que lucrou R$ 19,3 bilhões no primeiro semestre deste ano, não pode desrespeitar quem produziu esses resultados gigantescos, às custas da pressão de metas abusivas e de assédio moral”. E acrescenta que a intransigência “revela falta de responsabilidade social dos bancos não somente com os seus trabalhadores, mas também com os clientes e a sociedade, que sofrem igualmente com a cobrança de altas taxas de juros, tarifas exorbitantes, filas intermináveis e insegurança nas agências e postos de atendimento”.