(São Paulo) A falta de segurança nos bancos como fator de adoecimento dos trabalhadores do setor e o papel da comunicação como ferramenta de mudanças. Essa foi a síntese do seminário promovido pela FETEC/CUT-SP, nesta terça-feira, em São Paulo, como parte da programação em torno do Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, anualmente lembrado em 28 de abril.
O seminário contou com participação, dentre os expositores, da pesquisadora da Fundacentro, Maria Maeno, do secretário de saúde da Contraf-CUT, Plínio Pavão; do secretário geral da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro; e Gutemberg de Souza Oliveira (FETEC SP).
O evento teve início com exposição sobre segurança bancária. Gutemberg Oliveira, representante da FETEC SP na Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada, voltou a lembrar o descumprimento, por parte dos bancos, da Lei Federal 7.102/83, favorecendo assim a ação dos criminosos. “Além de penalizar os bancos pelos desrespeitos à legislação, queremos avançar nesse debate, tendo como foco a proteção da vida, com caráter preventivo e educativo. É um árduo trabalho frente ao descaso dos bancos para com a vida, mas não descansaremos enquanto não vermos nossos desafios alcançados, dentre os quais a proibição da guarda das chaves do cofre pelos bancários, instalação de portas de segurança imediatamente após o calçamento, implantação de vigilância no auto-atendimento, emissão de boletim de ocorrência e de CAT (Comunicado de Acidente de Trabalho) em todos os casos de assalto e seqüestro de bancários e seus familiares”.
De acordo com Carlos Cordeiro, apesar da instalação da mesa temática de segurança, por ocasião da campanha nacional 2006, poucos são os debates sobre o tema com a Fenaban. “Hoje, cada banco toca segurança do seu jeito. Para complicar, a grande mídia ainda dificulta o entendimento sobre o que é responsabilidade da propriedade privada e da segurança pública. Por isso devemos fazer o debate com a população e nos unirmos nas ações. Também temos o papel de formarmos os bancários sobre a importância da presença dos sindicatos após cada ocorrência”, sugere o dirigente ao apontar: “O movimento sindical precisa dar respostas sobre o tema e é, neste sentido, que a Contraf já está organizando o 4º Seminário de Segurança Bancária”.
A pesquisadora da Fundacentro, Maria Maeno, reforçou a necessidade de acompanhamento imediato para o bancário após ocorrências de assaltos e seqüestros. “O estresse pós-traumático varia de pessoa para pessoa, por isso os bancos devem disponibilizar profissionais capazes de prestar o atendimento rápido. Também é importante que os sindicatos pressionem pela suspensão do trabalho em dias de ocorrências e pela emissão da CAT, uma vez que o entendimento é de que assaltos e seqüestros são acidentes de trabalho”.
Plínio Pavão mencionou a grande incidência de transtornos mentais na categoria bancária, como conseqüência direta da falta de segurança nos bancos. Para o secretário de saúde da Contraf-CUT, o elevado número de subnotificações tende a se miminizar com o Nexo Epidemiológico, recém-implantado.
Após as várias considerações, os presentes apontaram para a necessidade de maior valorização da comunicação como ferramenta em defesa da saúde e da segurança do trabalhador bancário. “Os sindicatos não investem na divulgação das ações em saúde e segurança, resultando em um trabalho amador. A ferramenta existe, o que precisa é colocarmos em nosso favor, divulgando leis que nos protegem e como instrumento de sensibilização”, apontou a diretora de imprensa da FETEC SP, Valeska Pincovai.
“Nossa comunicação tem de ser mais contundente sobre as falhas na saúde e segurança nos bancos. Temos de ter sempre em mente que é, justamente, a falta de segurança que gera um medo constante no bancário, resultando em um quadro de estresse constante. Além disso, o movimento sindical deve influir sobre o que sai na grande mídia. É nosso papel denunciar que os assaltos e seqüestros não ocorrem por negligência de bancários e vigilantes, mas por desrespeito à lei por parte dos bancos. Precisamos nos organizar para que todos os sindicatos usem essa mesma linguagem”, destacou a secretária de saúde da FETEC SP, Crislaine Bertazzi.
Além da maior valorização da comunicação, o seminário apontou como propostas na defesa da saúde e segurança dos bancários, a defesa da jornada de seis horas, formulação de plano de segurança para cooperativas de crédito e correspondentes bancários, debate e conscientização constante sobre o tema independentemente de campanha nacional e mesas temáticas, realização do perfil do novo bancário e, até mesmo, de um curta metragem, como instrumento para aproximação do bancário ao movimento sindical.
Saúde e qualidade de vida – A FETEC SP lançou durante o seminário a marca da Secretaria de Saúde da entidade com o mote: ‘Saúde e Condições de Trabalho. Pela vida com qualidade’. "A marca reflete um trabalho que já vem sendo realizado pela federação nos últimos anos", esclarece Valeska Pincovai.
Fonte: Lucimar Cruz Beraldo – FETEC/CUT-SP