Depois de 23 anos de luta, finalmente chegou a hora dos trabalhadores colocarem sua emissora de televisão no ar. A TV dos Trabalhadores inicia suas transmissões no dia 13 de agosto, a partir das 19h. Trata-se da primeira do gênero no País. “Vencemos uma primeira etapa. Agora queremos consolidar nossa programação e construir uma grande rede por todo o País”, salientou ontem Sergio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ao anunciar para a imprensa a estreia da tevê.
Segundo ele, a emissora seguirá uma orientação completamente diferente do que conhecemos em termos de programação televisiva. “Nosso propósito é ter uma programação onde o trabalhador se veja, onde o militante sindical e dos movimentos sociais sejam valorizados como cidadãos e sujeitos da construção da história brasileira”, anuncia.
O dirigente conta que o mundo do trabalho e do trabalhador não existe na programação das grande redes comerciais. “Quem, quando vê uma novela, não se pergunta como aqueles personagens vivem, onde trabalham, como se mantém?. Sobre trabalho, se muito, uma novela mostra o empresário e o universo do capitalista”, compara.
Uma programação com o olhar dos trabalhadores
O carro chefe da TV dos trabalhadores será um telejornal transmitido de segunda a sexta-feira das 19h às 19h30. Mas a grade de programação inclui 8 programas jornalísticos que, segundo Valter Sanches, secretário de Comunicação do Sindicato, terão o olhar dos trabalhadores como norteador.
Logo após os telejornal, a cada dia, às 19h30 entrarão no programas de uma hora sobre economia solidária; serviços (direitos, saúde etc.); inclusão digital, até para mostrar como o telespectador pode se tornar um colaborador da programação; um de entrevista com pessoas que, a partir de seu trabalho influenciam a vida da coletividade; um debate de assuntos do dia a dia; outro sobre memória a partir dos 26 anos de aquivos de imagens da TVT e a repercussão dos fatos do passado nos dias atuais; e, por fim o já conhecido ABCD Maior em Revista, que priorizará os movimentos sociais da região.
Onde ver a TV dos Trabalhadores
Além do canal 46 UHF de Mogi das Cruzes, sede da televisão, que transmitirá para as cidades do Alto Tietê, a partir da estreia, a TV dos trabalhadores poderá ser sintonizada pela rede de emissoras comunitárias de São Paulo. São 26 praças em várias regiões no Estado. No ABC ela é a Eco TV, canal 9 digital e 96 analógico.
Outro convênio foi firmado com a NGT, rede em UHF presente em vários estados e em grande parte de São Paulo, num total de 170 localidades para cerca de 38 milhões de pessoas.
A TVT poderá ser vista também pela internet no www.tvt.org.br
O longo caminho da TVT
Final dos anos de 1970 e início de 1980 – noticiário sobre as greves é patronal e os trabalhadores despertam para importância de terem seus próprios meios de comunicação. Com as máquinas paradas, noticiário é distorcido e as imagens das emissoras mostravam a produção a todo vapor. Os metalúrgicos criam a frase: o povo não é bobo, fora Rede Globo.
1984 – É criada a TVT para registrar a luta dos trabalhadores e do movimento social.
1987 – Lula, deputado federal, e Vicentinho, presidente do Sindicato à época, entregam ao Ministério das Comunicações o primeiro pedido de concessão de um canal de TV.
1991 – É criada a Fundação Comunicação, Cultura e Trabalho, requisito para a disputa da concessão. Hoje é ela que mantém a TVT.
2005 – Concessão do canal 46, de Mogi das Cruzes.
13 de agosto de 2010 – previsão da estreia da tevê.