Comando negocia aumento real, PLR maior e piso do Dieese nesta quarta

O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, retoma nesta quarta-feira, 15, às 15h, as rodadas de negociações da Campanha Nacional 2010 com a Fenaban. O encontro, a ser realizado em São Paulo, tratará das reivindicações de remuneração dos trabalhadores, como reajuste salarial de 11%, Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de três salários mais R$ 4 mil, elevação do piso de R$ 1.074 para R$ 2.157 (salário mínimo do Dieese), aumento do vale-refeição, cesta-alimentação e auxílio creche/babá para o valor de um salário mínimo, auxílio-educação e previdência complementar para todos os bancários, dentre outros itens.

Nas três primeiras rodadas de negociação, os bancos mantiveram uma posição de intransigência e rejeitaram as principais reivindicações apresentadas pelos trabalhadores, como o fim das metas abusivas, o combate ao assédio moral, a garantia de emprego, mais contratações e segurança contra assaltos e sequestros.

“Os bancos não estão levando a sério nossas reivindicações”, avalia o presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional, Carlos Cordeiro. “Esperamos que a Fenaban traga uma proposta concreta para melhorar a remuneração da categoria”, aponta o dirigente sindical, “A intransigência da Fenaban está empurrando os bancários para a greve”, adverte.

Números provam viabilidade das reivindicações dos bancários

O descaso dos bancos foi reafirmado pelo diretor de Relações de Trabalho da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), Magnus Apostólico, ao jornal O Globo, no último sábado, dia 11, onde declarou que “11% de aumento é inviável”. Para ele, “essa proposta não tem viabilidade diante de uma inflação próxima de 4%. Temos que trazer esse número para realidade.”

Os números, no entanto, contrariam os argumentos dos banqueiros. A economia brasileira deve crescer mais de 7% este ano e a situação dos bancos é ainda melhor. Apenas as cinco maiores instituições financeiras (BB, Itaú, Bradesco, Caixa e Santander) tiveram lucro líquido de R$ 21,3 bilhões no primeiro semestre. Foi um crescimento de 32% em relação ao lucro do mesmo período do ano passado. Praticamente a cada dois anos, os bancos dobram de tamanho – um ganho sem paralelo no mundo.

Esses lucros gigantescos se devem, entre outras razões, ao aumento da produtividade dos bancários, submetidos a uma brutal pressão para cumprir metas inatingíveis, invariavelmente sob assédio moral e às custas do adoecimento cada vez mais generalizado dos trabalhadores. Na média, 1.200 bancários são afastados por mês por licença-saúde concedidas pelo INSS, metade deles vítimas de LER/DORT ou transtornos mentais.

“São ganhos enormes que deixam clara a viabilidade das reivindicações dos bancários. O setor financeiro é o que mais lucra no Brasil, em cima de baixos salários e sobrecarga de trabalho de seus funcionários. Está na hora de repartir parte desses ganhos com os trabalhadores e a sociedade”, conclui Carlos Cordeiro.

Veja as principais reivindicações sobre remuneração:

– Reajuste salarial de 11% (inflação do período mais aumento real)
– PLR de três salários mais R$ 4 mil fixos
– Valorização dos pisos salariais:
. R$ 1.510 para portaria,
. R$ 2.157 para escriturário,
. R$ 2.913 para caixas,
. R$ 3.641 para primeiro comissionado e
. R$ 4.855 para primeiro gerente
– Aumento para um salário mínimo (R$ 510) dos valores do auxílio-refeição, cesta-alimentação, 13ª cesta-alimentação e auxílio-creche/babá;.
– PCCS e previdência complementar em todos os bancos.

Compartilhe:

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no telegram
Telegram