O jornal Valor Econômico desta sexta-feira, dia 9, traz matéria sobre suposta queda da lucratividade dos cinco maiores bancos do país (Bradesco, Itaú, Unibanco, Real-ABN e Santander) no primeiro trimestre de 2008 em relação ao ano passado.
No entanto, análise da subseção do Dieese na Contraf-CUT demonstra que a generalização feita pelo jornal está incorreta. Com exceção do Santander, todos os bancos apresentaram crescimento dos lucros líquidos, como demonstra a tabela abaixo.
Crescimento do lucro líquido dos bancos no primeiro
trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior
2006 | 2007 | 2008 | Lucro em 2008 | |
Bradesco | 27% | 11% | 23% | 2.102 milhões |
Itaú | 28% | 30% | 7% | 2.043 milhões |
Santander | 41% | 21% | -31% | 388,11 milhões |
Real-ABN | Não encontrado | 82% | 5% | 652 milhões |
Unibanco | 30% | 12% | 28% | 741 milhões |
* O valor negativo indica uma diminuição no lucro, não um prejuízo.
Itaú e Real-ABN tiveram um crescimento menor em relação ao ano passado, o que no caso do Real se explica por um crescimento bastante atípico e acentuado em 2007 (82% de crescimento no lucro líquido). Já Bradesco e Unibanco tiveram um crescimento maior do lucro se comparar com o resultado obtido em 2007.
A matéria atribui essa suposta diminuição nos ganhos das instituições, em parte, às sucessivas quedas da taxa Selic registradas durante o ano de 2007 e interrompidas na última reunião do Copom. Essas reduções, junto com outros fatores, teriam forçado uma diminuição do spread bancário.
Dados do Banco Central demonstram que, de fato, ocorreu queda do spread durante o ano de 2007, que em janeiro daquele ano estava em 27,48% ao ano (taxa média entre os valores cobrados para pessoa física e jurídica), e alcançou 22,35% em dezembro. No entanto, em janeiro de 2008, a taxa tem um súbito aumento para 25,68%, e em fevereiro já estava em 26,11%. Esse valor é equivalente ao praticado em maio de 2007 (26,04%), ou seja, de uma hora para a outra, os bancos retrocederam praticamente nove meses em sua trajetória de queda no spread, ignorando a taxa Selic, cuja trajetória de queda só foi interrompida pelo BC em abril.