Apesar dos ganhos bilionários, o Bradesco continua demitindo funcionários e eliminando postos de trabalho. O banco divulgou nesta segunda-feira (22) lucro líquido ajustado de R$ 2,943 bilhões no primeiro trimestre de 2013, um crescimento de 3,4% em relação ao mesmo período de 2012.
No entanto, o Bradesco fechou 592 empregos no primeiro trimestre, acumulando o corte de 2.309 vagas nos últimos 12 meses. O quadro caiu de 105.102 funcionários em março de 2012 para 102.793 em março deste ano, segundo análise do Dieese.
“Não podemos aceitar que, mesmo com todo esse lucro astronômico, o Bradesco feche postos de trabalho e pratique rotatividade de mão de obra, minando os esforços do governo e da sociedade brasileira para que o país volte a crescer a um ritmo mais acelerado, com geração de empregos e diminuição das desigualdades”, afirma o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.
O lucro poderia ser ainda maior se o banco não maquiasse outra vez o balanço através das provisões para devedores duvidosos (PDD), cujo valor chegou a R$ 3,475 bilhões, um crescimento de 5,4% em relação a março de 2012. Na comparação com o trimestre anterior, houve ainda acréscimo de 1,3%.
Enquanto isso, o índice de inadimplência superior a 90 dias ficou em 4,0%, com queda de 0,1 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, como também, na comparação com o primeiro trimestre de 2012. “O Bradesco repete o truque contábil usada pelo sistema financeiro no ano passado de esconder o lucro superdimensionando as provisões para devedores duvidosos em relação à inadimplência real, que praticamente ficou inalterada”, critica Andrea Vasconcelos, funcionária do Bradesco e secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT.
No primeiro trimestre deste ano, o banco gastou o equivalente a 3,9% do seu lucro líquido ajustado em despesas com segurança e vigilância, num total de R$ 115,541 milhões. Já no mesmo período de 2011 foram gastos R$ 100,240 milhões, o que representou 3,5% do lucro registrado no ano. “Apesar do pequeno aumento, o Bradesco é o banco que entre os seis maiores do país tem investido menos em segurança nos últimos anos”, ressalta Cordeiro. “Não é à toa que foi o campeão de multas na Polícia Federal em 2012”, lembra Andrea.
O lucro do primeiro trimestre foi impactado pelo maior resultado operacional de seguros (31,7%) e pelo crescimento das receitas de prestação de serviços (11,7%). A carteira de crédito expandida subiu 11,6% em 12 meses, atingindo R$ 391,682 bilhões.
As operações com pessoas físicas cresceram 8,7%, no mesmo período, chegando a R$ 119,231 bilhões. Já as operações com pessoas jurídicas alcançaram R$ 272,451 bilhões, com elevação de 13,0% comparado a março de 2012.
“Mais uma vez, o Bradesco exibe um balanço recheado de lucro, mas ficou devendo contrapartidas sociais, como a geração de empregos, o que joga na contramão do desenvolvimento, precariza as condições de trabalho dos bancários e afeta a qualidade de atendimento dos clientes”, conclui Carlos Cordeiro.