O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, foi aclamado pelos trabalhadores metalúrgicos e sindicalistas nesta segunda-feira (12), no evento de comemoração dos 30 anos da greve da Scania, liderada por ele mesmo e Gilson Menezes, em 1978, quando Lula presidia o sindicato.
Iniciada em 1978, a greve dos trabalhadores da Scania foi a primeira realizada após dez anos da promulgação do AI-5, que suspendeu a possibilidade de qualquer reunião de cunho político e recrudesceu a censura, entre outras medidas que deram poderes absolutos ao regime militar. “A greve de 1978 foi um divisor de águas na história recente do país. A luta que começou na Scania transformou o metalúrgico Lula no primeiro presidente operário do Brasil”, disse Carlos Alberto Grana, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT).
Ao chegar na sede dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, Lula foi acolhido com o tradicional grito “Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula!”. Já ao entrar no salão da entidade, no 3º andar, onde participou da última mesa de discussão, que debateu justamente as três décadas da paralisação, a platéia, formada por mais de 500 pessoas recebeu o presidente com euforia.
O chefe da nação explicou os motivos pelos quais não assistiu ao documentário “Linha de Montagem”, de Renato Tapajós, restaurado e exibido pouco antes da chegada de Lula e que conta a história das greves do ABC em 1980 e a contribuição do movimento sindical da região para a redemocratização do País. “Estou tomando todo cuidado para não transformar este evento em uma na noite da nostalgia. Não é correto um presidente da República chorar. Por isso, eu não subi antes para ver o filme (no filme Lula chora em uma assembléia no próprio sindicato)”, pondera.
Sobre a comemoração dos 30 anos da greve da Scania, o presidente da República, que iniciou no sindicalismo em 1968, matriculado com o número 25.986, como relembrou, afirma que devido aos atos de coragem e bravura do passado, hoje a classe trabalhadora não precisa mais fazer paralisação como antigamente. “Conseguimos muitas conquistas. A greve de 78 foi importante para a conquista da democracia. Muitas vezes as pessoas estão aqui e não dão o valor para tudo isso porque pegaram já pronto e não se recordam do sacrifício feito no passado para que este resultado fosse possível. O que nós avançamos nesses 30 anos foi extraordinário”, destaca Lula, que também agradeceu a experiência adquirida dentro do sindicalismo.
Para o presidente, a realidade dos sindicalistas do ABC paulista não é a mesma de sindicalistas de outros estados. “Quando chego na empresa e vejo aquele jornaliznho transitar na linha de montagem, vejo a comissão da fábrica com poder de resolver os problemas internos. Isso são conquistas históricas que o Brasil inteiro ainda não teve”, disse.
“As vezes eu fico deitado olhando para o teto e me pergunto: será que eu sou mesmo o presidente da República? Tenho consciência que devo minha formação ética e política a essa categoria. Estou convencido que, desde 1959, quando o sindicato foi criado, é um dos mais importantes do País”, aponta. “Eu não sei quando vou morrer, mas sei que já vivi o suficiente para dizer obrigado a todos vocês”, concluiu Lula.
Antigos companheiros
A festa reuniu antigos amigos de Lula, mas também serviu para reaproximar ex-petistas. Gilson Menezes, que dirigiu a greve da Scania e foi eleito o primeiro prefeito petista do Brasil quando comandou Diadema.
Além dele, também esteve presente na comemoração o primeiro prefeito de São Bernardo eleito pelo PT, Maurício Soares, que também foi advogado do sindicato.
A presença de Maurício, que chegou ao evento junto com o presidente Lula, reforça ainda mais a possibilidade do ex-prefeito desistir da pré-candidatura e apoiar como candidato ao Paço de São Bernardo, o ministro da Previdência Luiz Marinho.
Prova disso, foi que em diversas vezes, tanto Lula quanto Luiz Marinho, fizeram questão de citar o nome de Soares relembrando a contribuição do ex-petista no movimento sindical. “Eu devo agradecimento à pessoas muito especiais, entre elas, o que eu costumava de chamar de Peleguinho, não é mesmo Maurício Soares”, brincou Lula. “Quero agradecer a presença do Dr. Marício que fez, ou melhor, que faz pare desta história”, ressaltou Luiz Marinho.
O ministro teve uma grande surpresa ao chega no Sindicato. Dezenas de militantes do PT de São Bernardo, para manifestar apoio a saída dele do Ministério para concorrer à prefeitura, vestiam uma camiseta vermelha com a seguinte frase: “Quero Luiz Marinho em São Bernardo” .
Diárias viram exemplo a ser usado no governo
O governo estuda implantar diárias para os ministros em viagens, a fim de substituir os cartões corporativos. Em março deste ano, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que as diárias podem ficar entre R$ 400 e R$ 450.
“Estou vendo aqui o companheiro Mariano Palma, companheiro do Conselho Fiscal, que brigava tanto para as notas do sindicato estarem em dia. Brigava tanto que me obrigou a instituir a diária no sindicato. Coisa que eu quero fazer no governo federal para acabar logo com a sacanagem”, disse Lula.
No evento realizado em São Bernardo, também estiveram presentes outros importantes nomes da política nacional, como a ministra do Turismo, Marta Suplicy, o ministro da Previdência, Luiz Marinho, o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, o prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior, e os deputados federais Vicente de Paula da Silva (PT-SP), o Vicentinho, e Frank Aguiar (PTB-SP).