Praticamente uma instituição financeira fechou ou foi anexada por outra empresa a cada dia na Europa no ano passado. Os dados são do Banco Central Europeu (BCE), que na segunda-feira (16) indicou que 332 entidades do setor financeiro deixaram de operar no continente em 2011.
Nos últimos meses, os bancos têm cortado créditos e acumulado reservas ante a possibilidade de recessão e do calote de governos. No fim de semana, o volume depositado por esses bancos no BCE como proteção bateu recorde.
Desde 1999, cerca de 2,2 mil bancos e instituições financeiras europeias fecharam as portas, cerca de 24% do total. Mas o que surpreendeu as autoridades é que 4% dessa queda ocorreu apenas em 2011, num sinal da fragilidade do setor, que envolve 9,5 mil companhias.
O fenômeno atingiu mais intensamente a Irlanda, com 15% de queda no número de instituições em apenas um ano. No total, 106 entidades irlandesas fecharam suas portas.
Outra demonstração da fragilidade do setor foi registrada na segunda-feira, com o volume de depósitos no BCE atingindo o recorde de 493 bilhões. O indicador serve para mostrar a hesitação de bancos em oferecer esse dinheiro ao mercado.
Entre fazer empréstimos com maior retorno e depositar no BCE para ganhar apenas 0,2% de taxa de juros, os bancos têm preferido a opção mais segura e menos rentável, diante do rebaixamento de nove economias europeias e da incerteza nos próximos meses. Nem mesmo a injeção de quase 500 bilhões de euros em dezembro pelo BCE aos bancos para garantir a liquidez dos mercados parece ter dado resultado.
Outro sinal da crise nos bancos é a previsão de que eles farão em 2012 os menores pagamentos de dividendos desde a quebra do Lehman Brothers, em 2008. Parte do corte nos pagamentos vem da necessidade de atingir um nível de capital para estar dentro das novas regras das autoridades financeiras. Até junho, os bancos europeus terão de acumular 115 bilhões de euros.
Na avaliação da Bloomberg, os 53 grandes bancos em 11 países pagarão 41% a menos de dividendos neste ano. O volume será 28% abaixo da média de 2009. Em 2011, as ações dosbancos europeus nas bolsas caíram 32% e o ano terminou como o segundo pior (exceto 2008) desde 1997.