Não se tem notícia, no país, de um período em que os créditos oferecidos às empresas tenham experimentado um crescimento tão rápido quanto o atual. O saldo das operações com recursos livres para pessoas jurídicas aumentou 43,2% nos últimos 12 meses. O maior avanço ocorreu na linha de capital de giro, que cresceu 77,6% e já chega a R$ 126,56 bilhões.
Com o aumento das vendas, a necessidade de giro das empresas mudou de patamar, explica o diretor do Unibanco, Ricardo Botelho. “As contas a pagar e a receber são maiores e é natural que o banco supra isso”, diz. Além disso, considera-se que boa parte desses recursos, que seriam destinados a cobrir necessidades correntes das companhias, tenha sido desviada para investimentos. As modalidades específicas para ampliação da capacidade produtiva também têm avançado, como o leasing (86,9%) e os repasses do BNDES (27,3%).
A demanda por crédito também tem sido estimulada pela redução da oferta de recursos no mercado de capitais. E o segmento no qual os financiamentos mais crescem é o de médias e grandes empresas, informa Henrique Vianna, diretor do HSBC.
Entre os setores que mais demandam crédito para investimentos estão o agronegócio, o imobiliário e o de médias indústrias de autopeças e embalagens. “Estão investindo em ativo fixo para aumentar a capacidade de produção”, diz Antonio Neto, gerente da área comercial do Banco Prosper.
No entanto, esse cenário deve mudar a partir deste semestre. Os bancos esperam a desaceleração da demanda de crédito das pessoas jurídicas, a exemplo do que já ocorre no financiamento ao consumo, em conseqüência da política monetária restritiva do Banco Central para conter a inflação. Desde abril, o juro básico(Selic) subiu um ponto percentual.
Altair Assumpção, diretor de middle market do Banco Real, acredita que a pressão inflacionária e a elevação dos custos das companhias podem aumentar o receio dos empresários de tomar recursos na velocidade atual. Mas Assumpção faz uma ressalva: “A leitura é de que haverá um desaquecimento, mas a prática mostra que o segundo semestre é sempre mais forte”.