No segundo dia de diálogos do Seminário Internacional WWP – Um Mundo sem Pobreza, especialistas brasileiros e estrangeiros debateram não só como acabar com a pobreza, mas também as ações que devem ser adotadas para a população que sai da situação de pobreza.
Um dos pontos abordados foi a importância do trabalho. A diretora do escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Laís Abramo, disse que essa é uma das vias fundamentais para superar a pobreza, e lembrou a experiência vivida pelo Brasil com os programas de transferência de renda e melhorias no mercado de trabalho. Para ela, a experiência é significativa, e precisa ser aprofundada.
“A OIT insiste que não é qualquer trabalho que tem essa capacidade de superação da pobreza, mas tem que ser um trabalho decente, associado a direitos, proteção social, a níveis adequados de remuneração, qualificação, jornada de trabalho, igualdade de oportunidades e eliminação da discriminação. Então, eu acho que o caminho é aprofundar esse processo iniciado no Brasil, com resultados positivos evidentes”, disse ela.
O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Marcelo Neri, lembrou que o Brasil convive com o problema da escassez de mão de obra, e disse que a agenda voltada para o tema deve pensar em melhorias.
“Melhoria da qualidade do emprego, por meio de melhores postos de trabalho, trabalhadores mais qualificados – seja com educação regular, educação técnica, seja experiência de trabalho. O Brasil melhorou muito nos últimos anos, mas precisa avançar menos na quantidade e mais na qualidade, isso vai se refletir em maiores salários e maior formalidade, que já está acontecendo, mas precisa ser redobrada”, frisou Neri.
Além da questão trabalhista, o ministro destacou a importância do Programa Bolsa Família para os índices alcançados pelo Brasil, com relação à pobreza. “O Bolsa Família é exemplar, porque é uma ação integrada. Ele não é só uma ação de assistência, de dar renda; é uma ação de inclusão produtiva, de provisão de serviços públicos, e até, eventualmente, de acesso a mercados decente”, disse Neri, e acrescentou que o programa possibilita agregar outras ações, permitindo a integração com políticas públicas.
Representantes de diferentes países participaram do evento, que é promovido pela Iniciativa Brasileira de Aprendizagem por um Mundo sem Pobreza – World Without Poverty (WWP), parceria do governo brasileiro com o Banco Mundial (Bird) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (Pnud).
Para a diretora da OIT, o seminário tem um importante papel na troca de experiências entre os participantes, e lembra que o Brasil tem sido destaque como exemplo de boas práticas adotadas.
“A politica brasileira de combate à pobreza, erradicação do trabalho infantil e formalização do emprego é hoje referência internacional. A gente sabe que o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) recebe permanentemente delegações de muitos países querendo conhecer a experiência do Bolsa Família e do Brasil sem Miséria” destacou.
Laís Abramo destacou também as agendas da qual o país faz parte para a troca de experiências. Ela disse que apesar das conquistas feitas pelo país, mesmo em um período de crise internacional, é preciso investir no crescimento. “Os indicadores continuam sendo muito positivos, mas, evidentemente, o desafio da retomada do crescimento é um desafio importante”.
No encerramento do evento, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, também falou sobre a importância do Programa Bolsa Família na luta contra a pobreza. Ela lembrou como o projeto foi abordado pelos participantes estrangeiros do seminário. “Todos apontaram fragilidades, desafios, apontaram questões onde temos que avançar, mas reconheceram esta questão que para nós é fundamental: o esforço que o Brasil tem feito para construir de fato um país mais inclusivo e superar a pobreza”.
A ministra disse que durante os dois dias de debate os participantes levantaram questões como o fato de que o combate à pobreza não deve ser feito apenas com investimento no crescimento e na renda, mas também com ações e direitos.
“Queremos levar direitos a estes cidadãos e garantir que a população tenha acesso. Estamos falando da construção de uma sociedade de direitos, e isto é fundamental. Isto envolve o outro lado da questão: nós queremos levar oportunidade, no sentido de melhorar a inclusão dos milhões de brasileiros que trabalham e querem melhorar de vida”, disse Teresa.