Dois terços do lucro gerado pelo trabalho forçado vêm da exploração sexual

Dois terços dos US$ 150 bilhões anuais de lucros gerados pelo trabalho forçado, ou seja US$ 99 bilhões, provêm da exploração sexual para fins comerciais, enquanto os restantes US$ 51 bilhões resultam da exploração econômica, incluindo o trabalho doméstico (US$ 8 bilhões), a agricultura (US$ 9 bilhões) e outras atividades econômicas (US$ 34 bilhões), como a construção, as indústrias, as minas e os serviços de utilidade pública.

Os números baseiam-se em dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), publicados em 2012 e divulgados nessa segunda-feira (19), que estimam em 20,9 milhões o número de pessoas vítimas de trabalho forçado, do tráfico ou da escravidão moderna.

Do total, 18,7 milhões estão no setor privado, 26% são crianças e 55% são mulheres ou meninas. Profissionais do sexo, agrícolas ou domésticos, os trabalhadores forçados do setor privado geram US$ 150 bilhões de lucros ilegais por ano em todo o mundo, mostra o levantamento.

O trabalho forçado implica um elemento de coação, ou seja, a vítima exerce a atividade sem ter dado consentimento prévio e sem liberdade para deixar de fazê-la, esclarece a OIT, sediada em Genebra.

Outra conclusão é que 44% das vítimas migraram dentro ou fora das fronteiras internacionais antes de serem submetidas ao trabalho forçado.

Em números absolutos, a região Ásia-Pacífico tem o maior número de trabalhadores forçados (no setor privado e no Estado), com 11,7 milhões de vítimas (56%).

Seguem-se a África (18%), a América Latina (9%), os países da Europa Central e do Sudeste e a Comunidade dos Estados Independentes, formada por ex-repúblicas soviéticas (7%), os países desenvolvidos e da União Europeia (7%) e o Oriente Médio (3%).

Uma das conclusões do relatório é que existe correlação entre a pobreza dos lares e a maior probabilidade de serem vítimas do trabalho forçado.

A OIT conclui também que foi registrado um recuo no trabalho forçado imposto pelo Estado (autoridades públicas, Exército ou forças paramilitares, participação compulsiva em trabalhos públicos e trabalhos forçados na prisão).

“Devemos agora focar-nos nos fatores socioeconômicos que deixam as pessoas vulneráveis ao trabalho forçado no setor privado”, disse, em entrevista, Beate Andrees, diretora do Programa de Ação Especial da OIT para Combater o Trabalho Forçado.

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