A fusão entre Itaú Unibanco foi anunciada aos quatro ventos com celebração da criação de um gigante financeiro com meio trilhão em ativos: crescimento, expansão, internacionalização. As palavras utilizadas à época pelo presidente-executivo da instituição, Roberto Setubal, para falar do futuro traçado para o grupo, se concretizaram.
De novembro de 2008 para cá, o banco fez até mais uma aquisição, a Porto Seguro, umas das maiores empresas seguradoras do país. Ou seja, em menos de um ano, o Itaú conseguiu comprar um banco e uma seguradora, em plena “crise financeira”, menos para os bancos. E claro, ainda manter os lucros elevados.
O Itaú Unibanco encerrou o segundo trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 2,571 bilhões, valor 27,6% maior que o obtido no trimestre anterior. Nos primeiros seis meses do ano, o Itaú Unibanco ganhou R$ 4,586 bilhões.
“Os processos de fusão não foram à toa. Quem tem mais dinheiro, no meio de crises econômicas, faz aquisições para se tornar ainda mais forte e concentrar capital. Logo não nos surpreende ouvir de Setubal que a crise foi até boa.
A surpresa e a indignação veem com fato de o banco querer deixar de fora do lucro, os bancários que trabalham arduamente e fazem os resultados do banco crescer”, disse Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. “A conta não pode recair sobre os trabalhadores. Os bancários não podem ser prejudicados pelos ajustes que são feitos nos bancos e tampouco as adequações feitas nos balanços.”, ressalta.
Roberto Setubal não poupou para seguir seu plano de expansão, mas quer economizar no pagamento de salários e da Participação nos Lucros e Resultados dos bancários. Essa economia, no entanto, não se estende para os bônus dos acionistas. No ano passado o Itaú Unibanco, utilizando-se de manobras nos balanços, divulgou pelo menos três lucros: R$ 7,7 bi, R$ 8,3 bi e R$ 20 bi.
Adivinhe qual balanço serviu de base para pagar a PLR dos bancários e qual foi utilizado para calcular os bônus dos acionistas. Certo, do menor lucro saiu a PLR. Os R$ 8,3 bi serviram de base para a dedução de impostos. E o maior, já está nas mãos dos acionistas. “Esse ano qual será a base para calcular a PLR dos Bancários?”, questiona Marcolino.
Por isso, desde o ano passado, quando se iniciaram os três processos de fusões no setor bancário brasileiro, o Sindicato vem cobrando transparência nos balanços e mudanças nas regras da PLR, para torná-la mais justa. A greve dos bancários tem de crescer a cada dia, para que essa situação seja mudada.
Roberto Setubal está, ou deveria estar, analisando as simulações de PLR que os sindicatos apresentaram com o objetivo de elevar um pouco mais e dividir de forma mais justa o montante a ser distribuído aos trabalhadores.
Os sindicatos têm o maior interesse em encerrar a greve, mas isso só vai acontecer quando terminar a economia que os banqueiros querem fazer com os bancários. A responsabilidade está nas mãos dos donos dos bancos. Aos bancários cabe a indignação. Quanto maior a greve, maiores serão as conquistas dos trabalhadores.