Carregando cruzes negras representando as milhares de demissões no Santander Real, nos últimos meses, centenas de manifestantes saíram da Praça do Patriarca, centro de São Paulo, por volta das 10h, e subiram a Avenida Brigadeiro Luis Antonio para chegar à sede do Real, localizada próxima à estação Trianon-Masp do Metrô, na Avenida Paulista. O ato desta quinta-feira, 30, marcou o Dia Nacional de Luta dos Funcionários do Santander Real.
Entre março de 2008 e março de 2009, o Grupo Santander extinguiu mais de 3.300 postos de trabalho, apesar do esforço dos representantes dos bancários, que durante mais de sete meses buscaram construir alternativas às demissões, com diversas reuniões e apresentação de propostas. Só no primeiro trimestre deste ano, foram fechados cerca de mil postos de trabalho.
Os manifestantes concentraram-se em frente ao prédio do Real e, num símbolo do repúdio à postura do banco espanhol no Brasil, deram as costas ao banco com as cruzes levantadas para o alto. Além das demissões, manobras contábeis resultaram na redução da PLR dos bancários no ano passado, apesar do crescimento do lucro.
Pior: para executivos e acionistas a remuneração não foi afetada, e cresceu em muitos casos. O Sindicato dos Bancários de São Paulo tem documentos que comprovam o pagamento de até R$ 1,4 milhão para superintendentes do Santander a título de bônus. Artistas com pernas de pau representaram os executivos do banco.
“Queremos respeito ao Brasil e aos trabalhadores brasileiros. Os verdadeiros responsáveis pelos lucros estrondosos são os bancários das agências e departamentos, que têm contato direto com os clientes e garantem a realização dos negócios que dão lucro para o banco”, afirmou a diretora do Sindicato Rita Berlofa.
Bonificações milionárias – Já o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, lembrou que, de acordo com o balanço deste primeiro trimestre, o banco Santander contabilizou ágio de R$ 447 mi, referentes à compra do Real, o que implicou na redução de seu lucro, assim como foi feito no último balanço de 2008. “Só os trabalhadores pagaram essa conta, com demissões e PLR menor. Já os acionistas e os executivos tiveram bonificações milionárias. Queremos igualdade de direitos. O maior banco do mundo não pode tratar os trabalhadores dessa forma”, disse.
Ele lembra ainda que na próxima terça-feira, dia 5, uma primeira rodada de negociação com a federação dos bancos (Fenaban) deve iniciar os debates sobre a forma de apuração da PLR dos bancários. Segundo Marcolino, a intenção é rediscutir a regra para que as alterações nos balanços não prejudiquem ainda mais os trabalhadores.
Fim do Real – O Dia Nacional de Luta coincidiu com duas assembléias de acionistas do Banco Santander Brasil. De acordo com os editais publicados, uma delas iria “deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício de 2008 e a distribuição de dividendos” e “fixar a remuneração global anual dos administradores da companhia”. Na segunda, os acionistas vão “aprovar a incorporação do Banco Real pelo Banco Santander (…), com a conseqüente extinção do Banco Real, assim como autorizar a administração do Banco Santander a praticar todos os atos complementares à referida incorporação”. “Estamos atentos à essa transição, cobrando do banco respeito aos empregos e direitos dos bancários”, destaca o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino.