Valor Econômico
Altamiro Silva Júnior, de São Paulo
O Banco Santander se prepara para jogar pesado no mercado de seguros e ser um dos maiores do setor no país. O banco anunciou ontem à tarde a compra da Real Tokio Marine Vida e Previdência por R$ 678 milhões. Com a aquisição, o Santander passa a ser o quarto maior no mercado de previdência complementar, com reservas de R$ 11 bilhões, e o quinto em vida. Considerando o setor de seguros como um todo, passa a ser um dos dez maiores, com prêmios de R$ 1,3 bilhão ao ano.
Segundo Gilberto de Abreu, executivo responsável pela área de seguros do Santander, a aquisição mostra “o grau de confiança” do grupo espanhol no país e a aposta no setor local de seguros. “O mercado está crescendo e a gente vai acompanhar esse crescimento.”
O Santander está reestruturando suas operações de seguros. O banco vai criar uma holding, a Santander Seguros, que vai controlar as três seguradoras do grupo: a que foi comprada ontem, uma pequena de ramos elementares e uma própria de vida e previdência. O Santander sempre foi um distribuidor de seguros de outras companhias na área de ramos elementares (como automóveis), por isso o tamanho reduzido da sua própria seguradora no setor.
Segundo Marcos Matioli, diretor executivo de planejamento do Santander, o banco vai continuar oferecendo produtos, como o seguro de automóveis, de várias seguradoras, como forma de ter várias opções aos clientes. As apólices da Tokio Marine desse segmento continuam a ser vendidas nas agências do grupo.
A Real Tokio Marine Vida e Previdência é uma joint venture criada em 2005, entre o Banco Real e a japonesa Tokio Marine. Naquele ano, a Tokio comprou a seguradora de ramos elementares do Real por R$ 897 milhões. Quando o Santander comprou o Real, em 2007, tinha a opção de adquirir os 50% da Tokio e acabou exercendo essa opção. As negociações duraram quase um ano e foram “tranquilas”, segundo Matioli.
A seguradora teve forte crescimento desde a criação da joint venture. No ano passado, os lucros aumentaram 53%, para R$ 97 milhões. O retorno patrimonial foi de 56%. O total de prêmios e contribuições somou R$ 1,7 bilhão, aumento de 23%.
Em viagem a Dubai, a diretoria da Tokio não foi encontrada para comentar a operação. A seguradora japonesa completa este ano 50 anos de operação no Brasil. O evento em Dubai, que reúne os corretores com melhor desempenho em vendas da seguradora, marca o início dessas comemorações. Ao todo, foram 200 convidados. A seguradora japonesa continua no ramo de vida e acidentes pessoais, mas com produtos próprios.
Após a operação da Tokio, o mercado aguarda agora a decisão sobre o futuro da Mapfre Nossa Caixa Vida e Previdência. Assim como no caso do Santander, o Banco do Brasil, que comprou a Nossa Caixa, tem a opção de adquirir os 50% restantes na joint venture, criada na mesma época. Segundo uma fonte próxima da operação, agora que o BB assume oficialmente a administração do banco paulista, a partir desta terça-feira, deve sinalizar qual o futuro da associação. A Mapfre já manifestou o interesse em continuar na parceria.