Debate sobre livro “A Privataria Tucana” lota Sindicato de São Paulo

Mobilização: público discute livro que denuncia privatizações de FHC

Cerca de 600 pessoas lotaram os dois auditórios do Sindicato dos Bancários de São Paulo na quarta-feira (21), durante o lançamento da segunda edição do livro A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Júnior. O evento, transmitido via webtv, também teve recorde de público na internet, com pelo menos 2.280 acessos e mais de 360 mensagens enviadas via e-mail. Além disso, foram vendidos 180 exemplares da publicação.

Clique aqui para ver imagens do evento.

A primeira edição do livro, que denuncia os prejuízos causados ao país pelas privatizações do governo FHC e quem lucrou com isso, foi lançada em 9 de dezembro e teve sua tiragem de 15 mil exemplares esgotada em pouco mais de 24 horas. O sucesso estrondoso de vendas foi acompanhado por um silêncio surpreendente da grande mídia.

“Quando peguei a Veja e vi que não tinha nada, percebi que demos um nocaute na grande imprensa, na blindagem que têm os tucanos”, ironizou Amaury Ribeiro Júnior durante o debate, que contou ainda com a presença do jornalista e autor do blog Conversa Afiada, Paulo Henrique Amorim, e do deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), que horas antes havia protocolado na Câmara o pedido da CPI da Pirataria com 185 assinaturas, ultrapassando o mínimo de 171 assinaturas necessárias.

O debate foi mediado por Renata Mielli, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, e pela jornalista Maria Inês Nassif, da agência Carta Maior.

A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, abriu o evento. Ela lembrou que o Sindicato e a CUT sempre atuaram contra as privatizações promovidas pelo PSDB na década de 1990, em especial contra a venda dos bancos públicos. “Lutamos muito contra a venda das estatais. Ficamos mais de seis anos tentando evitar a privatização do Banespa porque sabíamos que precisávamos de um banco público para fomentar o desenvolvimento do Estado.”

CPI

O deputado Protógenes Queiroz, delegado licenciado da Polícia Federal que comandou a Operação Satiagraha, conseguiu em apenas oito dias ultrapassar o número de assinaturas necessárias para o pedido de CPI que investigará as denúncias contidas no livro de Amaury. A luta agora, disse o parlamentar, é para que a CPI seja aprovada. Segundo ele, contará com o apoio do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS).

“A grande luta agora é para instalar a CPI, e essa luta começa em fevereiro com o retorno dos trabalhos legislativos. (…) Marco Maia me disse que, se eu conseguisse o quorum mínimo, a CPI seria instalada”, relatou Protógenes, acrescentando que a opinião pública tem de se manifestar.

Amaury afirmou que, se a CPI for instalada, o livro ficará pequeno diante do que será desvendado. “E isso vai chegar nos meios de comunicação. É por isso que eles estão com medo.”

Blogs

Amaury e Protógenes ressaltaram o papel dos blogueiros e das redes sociais na divulgação do livro. “Foi o Conversa Afiada que deu o tom, o peso que a obra precisava”, disse o deputado. “O trabalho das redes sociais na divulgação do livro foi fundamental”, destacou Amaury.

Foram os blogs, informou Protógenes, que o incentivaram a pedir a CPI. “Quando eu comecei a ler nos blogs e a acompanhar as pressões que esse jornalista (Amaury) estava sofrendo, pensei que tinha de falar pro mundo que ele não estava sozinho. Que ele detém informações, mas não é só ele, e que elas são complemementares a outras informações que muita gente tem. Foi então que começamos a desenvolver o trabalho para a instalação da CPI da privataria, e isso teve de ser rápido porque senão Amaury entraria pras estatísticas”, afirmou.

Jornalismo vivo

“Esse livro é um registro de que a atividade de repórter está viva. (…) De que o jornalismo existe e que não é esse jornalismo do ‘sim senhor’, do abaixar a cabeça, do jornalismo vira-lata que a gente vê no PIG (Partido da Imprensa Golpista)”, afirmou Paulo Henrique Amorim.

No início de sua fala, o jornalista brincou que tinha quatro convidados especiais para a ocasião e que, quando eles chegassem, as pessoas da primeira fila teriam que ceder seus lugares. “Peço a compreensão de vocês porque convidei a Eliane Cantañede, Hélio Gaspari, Judith Brito (Folha de São Paulo) e Ali Kamel (Globo)”, disse, arrancando risos da plateia.

Amorim também ressaltou que a sociedade deve lutar pela instalação da CPI. “Temos a tarefa, como blogueiros e cidadãos, de fazer com que essa CPI se instale. Ela é a continuação da Satiagraha”. E acrescentou: “Esta foi a maior roubalheira entre as privatizações da América Latina”.

Mas enquanto em países como Bolívia, México e Argentina, onde os responsáveis pelas privatizações foram presos ou tiveram de fugir para não serem presos, “no Brasil o Fernando Henrique Cardoso é levado a sério e cobra R$ 50 mil por palestra”, ironizou.

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