Brasil terá maior contribuição no lucro do Santander que Espanha em 2010

O Santander prevê que o Brasil ultrapassará a Espanha como principal gerador do lucro do grupo neste ano, ajudando a instituição a atingir um lucro líquido em linha aos números de 2009, compensando, assim, a fragilidade do mercado espanhol, disse nesta sexta-feira, dia 11, o presidente mundical do banco, Emilio Botín. Esta será a primeira vez em que a Espanha não trará a maior contribuição para o lucro do grupo.

A unidade brasileira do Santander será responsável por 23% do lucro líquido do banco neste ano, enquanto a Espanha contribuirá com 20% e o Reino Unido com 17%, de acordo com o executivo, que fez o anúncio no encontro de acionistas realizado na cidade de origem do banco. Segundo Botín, a importância dos resultados do Reino Unido e dos Estados Unidos também aumentou.

“Os resultados menores da Espanha serão amplamente compensados pelo crescimento em outros mercados”, afirmou. Até então, a Espanha sempre foi o país com maior contribuição aos resultados do grupo, tendo sido responsável por 26% dos números de 2009.

Algumas aquisições feitas no momento correto no Brasil e no Reino Unido impulsionaram os negócios do banco nesses países, ao mesmo tempo em que os problemas na economia espanhola estão freando os resultados do banco em seu mercado de origem.

Botín comunicou aos acionistas que o banco – o maior na zona do euro em valor de mercado – espera publicar resultados “similares” este ano aos 8,894 bilhões de euros em lucro líquido obtido em 2009.

Cenário econômico desfavorável

Os comentários do presidente mundial foram característicos do banco agressivamente comprador, que anunciou a aquisição por 2,5 bilhões de dólares de sua unidade mexicana no início desta semana.

Botin disse que o Santander possui uma boa estrutura de dívida, com uma média de maturidade de 4,5 anos, e acrescentou que o banco levantou 18 bilhões de euros (22 bilhões de dólares) através de novas emissões até o momento em 2010, apesar das turbulências do mercado.

“Essa estrutura de fundos nos suporta para o que pode acontecer no futuro e é favoravelmente comparável à média de nossos concorrentes”, disse ele.

Bancos espanhóis menores estão perdendo acesso aos mercados de crédito devido às preocupações de que a Espanha possa estar a caminho de uma crise parecida com a grega e temores de que as perdas imobiliárias possam sair de controle.

A bolha imobiliária espanhola deixou os bancos no país com cerca de 300 bilhões de euros em dívida por incorporadores.

As ações do Santander acumulam perdas de 40 por cento este ano, uma vez que os investidores as usam como reflexo das perspectivas espanholas. “Esse desempenho foi sem dúvida afetado pelas incertezas sobre a economia e o risco na Espanha que, em meu critério, ganhou proporções exageradas”.

O Santander foi criado em 1857 pela família Botín, mas era uma instituição regional de crédito na Espanha. Com Emílio Botín, que assumiu a instituição em 1986, transformou-se num dos maiores bancos do mundo.

Além da Espanha e do Brasil, o Santander tem grande participação nos mercados financeiros de Portugal, Alemanha, Reino Unido, México, Chile, Argentina e no nordeste dos Estados Unidos.

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